Política Indigenista
ALMT atua para fortalecer saúde e assistência aos povos indígenas em mato grosso
Iniciativas incluem nova câmara temática, propostas de samu e hospital indígena, além de programas de assistência para atender vulneráveis, como os warao em cuiabá.
A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) está intensificando seu foco nas políticas públicas para os povos originários. Novas ações buscam garantir melhorias diretas na saúde e assistência social. Isso inclui a população indígena vulnerável na capital. A recente instalação de uma câmara setorial é o principal movimento.

2025 02 16, Cuiaba,MT:Albergue Municipal “Manoel Miráglia” e virou Casa Warao , indigena Warao. Foto: Rogerio Florentino/SUMAUMA
O contexto warao
As iniciativas buscam atender grupos em vulnerabilidade, como o povo Warao. Eles são originários da Venezuela, do Delta do Rio Orinoco. Conhecidos como o “povo da canoa”, são uma das etnias mais antigas do continente, com 8.000 anos de história. A sua organização social é fortemente matrilinear — as mulheres têm papel central nas decisões comunitárias — e a subsistência tradicional baseia-se na pesca, coleta e no artesanato de buriti.

2025 02 16, Cuiaba,MT:Albergue Municipal “Manoel Miráglia” e virou Casa Warao , indigena Warao fazendo artesanato. Foto: Rogerio Florentino/SUMAUMA
A vinda para o Brasil começou por volta de 2017, intensificando-se nos anos seguintes devido à crise social e econômica venezuelana, que impactou diretamente seus territórios. Em Cuiabá, os primeiros registros públicos do grupo ocorreram em janeiro de 2020, quando cerca de 20 pessoas foram localizadas próximas à rodoviária. Na ocasião, o grupo manifestou preferência por permanecer unido, temendo discriminação em abrigos compartilhados com migrantes não-indígenas.
O pontapé da saúde
É para essa realidade que as novas políticas estaduais tentam olhar. O movimento mais recente da ALMT ocorreu em setembro deste ano. A casa instalou oficialmente a Câmara Setorial Temática (CST) da Saúde Indígena. A proposta foi liderada pelo presidente da ALMT, deputado Max Russi (PSB). A CST nasceu do Requerimento nº 384/2025 e foi formalizada em junho.
Ela funciona como um canal de diálogo direto. O objetivo é criar programas de melhorias no atendimento em saúde nos municípios. A estrutura beneficia todas as populações indígenas, incluindo os cerca de 300 Warao que vivem em Cuiabá.

2025 02 16, Cuiaba,MT:Albergue Municipal “Manoel Miráglia” e virou Casa Warao , indigenas Warao comendo. Foto: Rogerio Florentino/SUMAUMA
Compromissos na mesa
A instalação da câmara já trouxe resultados práticos. O deputado Max Russi anunciou compromissos importantes. Ele levará ao Colégio de Líderes uma proposta vital: a destinação de percentuais das emendas parlamentares impositivas da saúde pública para atender especificamente a população indígena que reside no estado.
Mas não para por aí. A ALMT também articula a implantação do SAMU Indígena no estado. Além disso, estuda a criação de um Hospital Indígena. Este hospital ficaria dentro do Hospital Universitário Júlio Müller. São projetos que podem mudar o jogo do atendimento.
Diálogo e parceria
A CST já está trabalhando. A primeira reunião ordinária ocorreu em julho de 2025. Os dados mostraram a dimensão do desafio: Cuiabá sozinha tem quase 10 mil indígenas. A reunião reforçou a necessidade de institucionalizar a escuta das lideranças indígenas no debate sobre políticas de saúde, considerando características particulares como medicina tradicional, alimentação cultural, barreiras linguísticas e vulnerabilidade social.
Paralelamente, a ALMT fortalece laços com as prefeituras. Em maio, Max Russi se reuniu com o prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini. A pauta foi a articulação de investimentos na saúde municipal. A gestão da Assembleia mostrou disposição total para colaborar nas demandas sociais da capital.

2025 02 16, Cuiaba,MT:Albergue Municipal “Manoel Miráglia” e virou Casa Warao , indigenas Warao. Foto: Rogerio Florentino/SUMAUMA
Assistência social como base
A atuação da ALMT não se limita à saúde recente. Em 2023, o deputado Max Russi já havia proposto uma ação de impacto. Ele foi o autor da proposta que criou o “Ser Indígena”.
Este benefício é um braço do programa estadual Ser Família. O programa leva auxílio financeiro direto. O foco são as comunidades indígenas em situação de vulnerabilidade em Mato Grosso. Esse perfil inclui a comunidade Warao.

2025 02 16, Cuiaba,MT:Albergue Municipal “Manoel Miráglia” e virou Casa Warao , indigenas Warao comendo. Foto: Rogerio Florentino/SUMAUMA
As iniciativas da ALMT, da criação do “Ser Indígena” à nova CST da Saúde, desenham um esforço contínuo. A Assembleia busca estruturar o apoio estadual. O foco é responder às necessidades complexas dos povos originários.
ALMT
Pai de vítima, deputado se recusa a assinar CPI do feminicídio em Mato Grosso ,e ALMT enterra pedido
No estado campeão de mortes de mulheres, Gilberto Cattani, que perdeu a filha para a violência de gênero, opta por não apoiar investigação parlamentar em meio a denúncias de pressão política.
Em um caso que expõe as profundas contradições entre o discurso político e a tragédia pessoal, o deputado estadual Gilberto Cattani (PL) se recusou a assinar o requerimento para a criação da CPI do Feminicídio na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. A decisão ocorre pouco mais de um ano após sua própria filha, Raquel Cattani, de 26 anos, ter sido brutalmente assassinada a mando do ex-marido, um crime que chocou o estado. Enquanto Mato Grosso lidera pelo segundo ano consecutivo o ranking nacional de feminicídios, a proposta de investigação perde força nos bastidores do poder.
A confirmação da recusa veio na última segunda-feira, 25 de agosto, pela própria proponente da comissão, a deputada Edna Sampaio (PT). “Cattani não quis assinar. Isso eu posso dizer”, declarou Sampaio em entrevista à Rádio Vila Real, pondo fim às especulações sobre o posicionamento do parlamentar que vivenciou o problema de forma tão devastadora.
A manobra para esvaziar a CPI
A iniciativa de investigar as falhas na rede de proteção às mulheres em Mato Grosso enfrenta um caminho tortuoso. Na mesma segunda-feira, a CPI sofreu um duro golpe quando quatro deputados retiraram suas assinaturas, reduzindo o apoio de doze para oito, exatamente o número mínimo necessário para que a proposta continue tramitando.
A deputada Janaina Riva (MDB) não escondeu a frustração e criticou publicamente os colegas, afirmando que eles seriam “cobrados pela sociedade”. Nos corredores da Assembleia, a informação que circula é de uma forte pressão do governo estadual para minar a investigação. A justificativa, segundo fontes, seria evitar um “grande desgaste e prejuízo às eleições do ano que vem”. A dificuldade não é nova. Conforme Edna Sampaio, a aprovação de comissões de inquérito na casa nunca foi uma tarefa fácil.
O crime que abalou uma família
A posição de Cattani se torna ainda mais emblemática quando se recorda a brutalidade do crime que vitimou sua filha. Em 19 de julho de 2024, o corpo de Raquel Cattani foi encontrado com mais de 30 facadas em sua casa na zona rural de Nova Mutum. Ela era mãe de duas crianças pequenas e uma empresária premiada pela produção de queijos artesanais.
A investigação da Polícia Civil concluiu se tratar de um feminicídio meticulosamente planejado. O ex-marido de Raquel, Romero Xavier, inconformado com o fim do relacionamento de nove anos, pagou R$ 4 mil ao próprio irmão, Rodrigo Xavier, para que executasse o assassinato. O dinheiro, em uma cruel ironia do destino, havia sido recebido por Romero do próprio deputado Cattani, como pagamento por um serviço de reparo de cercas na propriedade da família.
Enquanto o crime era cometido, Romero construía um álibi: almoçou com o ex-sogro, frequentou casas noturnas em outra cidade e enviou mensagens para a família, tudo para simular distância e normalidade.
Um discurso de contradições
A recusa em apoiar a CPI contrasta não apenas com sua dor pessoal, mas também com o histórico recente do deputado. Cattani tem cobrado publicamente “pena máxima” para os assassinos da filha e criticado a lentidão da Justiça. No entanto, antes da tragédia familiar, em junho de 2025, ele chegou a minimizar a Lei do Feminicídio, argumentando que “mulher também mata homem” e que a raiz do problema seria a “banalização da família”, e não o machismo estrutural.
Sua atuação legislativa também reflete essa seletividade. Ele foi autor de uma lei, aprovada em agosto de 2024, que permite o porte de arma para mulheres sob medida protetiva e de outro projeto que impede condenados por violência doméstica de assumirem mandatos. Contudo, quando a proposta é investigar de forma ampla as políticas públicas de combate ao feminicídio, o apoio desaparece.
Para entender melhor: Mato Grosso no topo da violência
* Liderança nacional: Pelo segundo ano seguido, o estado tem a maior taxa de feminicídios do Brasil, com 2,5 mortes a cada 100 mil mulheres em 2024.
* Tendência em 2025: Até agosto deste ano, pelo menos 31 mulheres foram vítimas de feminicídio no estado.
* Onde o crime acontece: Mais de 70% dos casos ocorrem dentro da casa da vítima, com o uso de armas brancas sendo o método mais comum (43%).
O episódio revela uma complexa teia que mistura luto, convicções políticas e cálculos eleitorais. Enquanto a vida das mulheres parece valer pouco para parte do poder, a pergunta que fica é: se nem a dor de perder uma filha é capaz de unir os parlamentares em torno de uma causa, o que será preciso para estancar a sangria em Mato Grosso?
Atualização às 21h: incluída a informação sobre o número de assinaturas remanescentes na CPI.
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