Levantamento da Real Time Big Data, no entanto, levanta questões metodológicas ao omitir dados-chave.

O senador Wellington Fagundes (PL) lidera as intenções de voto para o governo de Mato Grosso. É o que aponta uma nova pesquisa da Real Time Big Data. O levantamento foi feito em setembro de 2025. Ele também mostra uma aprovação massiva do atual governador, Mauro Mendes (União), que chega a 72%.

A pesquisa ouviu 1.200 eleitores nos dias 05 e 06 de setembro. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%.

O xadrez dos cenários

A pesquisa testou dois cenários estimulados para governador. No primeiro, mais enxuto, Fagundes marca 37%. Ele é seguido por Otaviano Pivetta (Rep), com 19%. José Carlos do Pátio (PSB) tem 9%. Nulos e brancos somam 15% , e 20% não souberam ou não responderam.

Mas o cenário muda quando mais nomes entram na disputa. No segundo cenário, Fagundes cai para 30%. Jayme Campos (União) aparece com 16%. Pivetta recua para 15% , e Carlos Fávaro (PSD) surge com 12%. Pátio fica com 8%.

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Rejeição e Senado

O instituto também mediu a rejeição. Aqui, Jayme Campos (União) lidera. 44% dos eleitores dizem não votar nele de jeito nenhum. José Carlos do Pátio é o segundo mais rejeitado, com 31%.

Na disputa pelo Senado, o governador Mauro Mendes (União) mostra força total. Ele lidera com 49% das intenções. A deputada Janaína Riva (MDB) vem em segundo, com 37%.

O que os números escondem

Apesar dos dados, uma análise técnica da pesquisa revela pontos fracos. Eles surgem quando comparamos o estudo de MT com os padrões de grandes institutos, como Datafolha, Ipec ou Quaest.

O primeiro ponto cego é a ausência do voto espontâneo. A pesquisa divulgou apenas o cenário estimulado (com lista de nomes).

Institutos nacionais costumam perguntar primeiro em quem o eleitor pensa em votar, sem ajuda. Esse dado é vital. Ele mede a lembrança real dos candidatos e o tamanho verdadeiro dos indecisos. A Real Time Big Data não publicou essa informação. Não se sabe se a pergunta não foi feita ou se os resultados foram omitidos, mas essa ausência limita a compreensão do grau de lembrança natural dos nomes.

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O risco da ordem

Outra dúvida paira sobre o método de coleta. O estudo foi, provavelmente, feito por telefone. Isso é comum. Mas institutos como Ipespe e FSB costumam embaralhar a ordem dos nomes lidos a cada entrevista. Isso evita que o primeiro ou o último nome da lista seja beneficiado.

O relatório de MT não informa se essa randomização ocorreu. Se a ordem foi fixa, isso é uma fragilidade metodológica. Institutos como Datafolha e Ipec evitam esse viés em pesquisas presenciais usando discos circulares, onde ninguém é “o primeiro”.

As cadeiras vazias no cenário

A montagem dos cenários também gera perguntas. Por que nomes como Jayme Campos e Carlos Fávaro ficaram de fora do primeiro cenário, mais restrito?

E por que a deputada Janaina Riva, que apareceu bem cotada para 2026 em outros levantamentos, não foi incluída em nenhum cenário para governadora? A falta de transparência sobre esses critérios é um ponto fraco. Ela abre margem para questionamentos sobre a imparcialidade na seleção dos nomes testados.

A pesquisa de MT tem méritos claros. A amostra de 1.200 entrevistas e a margem de erro de 3 pontos estão dentro do padrão de mercado. Os dados demográficos parecem calibrados.

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Contudo, as omissões são relevantes. A falta do voto espontâneo e a pouca clareza sobre os critérios de montagem dos cenários distanciam o levantamento da transparência total exigida por institutos “padrão-ouro”. É um retrato do momento, mas um retrato que talvez não mostre a foto inteira.