O convênio firmado em 2013 – há 12 anos- previa duas etapas de obras, que juntas somariam R$ 83 milhões em investimentos. Novo plano de ação vai destravar projeto
A Prefeitura de Várzea Grande apresentou ao Ministério das Cidades, em Brasília, o novo plano de ação para destravar as obras da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Costa Verde/Santa Maria. A agenda técnica, liderada pela prefeita Flávia Moretti (PL), contou com a presença do secretário municipal de Viação, Obras e Urbanismo, Celso Pereira, da assessora especial de gabinete, Regiane Marli Froes Rodrigues, e do engenheiro Sanitarista e Ambiental Dyoni Toshio Trettel Hatakeyama.
Com a entrega do plano de ação e a solicitação formal de prorrogação da vigência do convênio, a Prefeitura aguarda agora o posicionamento técnico do Ministério das Cidades para dar sequência ao cronograma e garantir que Várzea Grande avance rumo à universalização do saneamento básico.
A iniciativa integra esforços da atual gestão para garantir a continuidade, conclusão e efetividade das obras de saneamento básico, consideradas estratégicas para o desenvolvimento urbano, ambiental e social de Várzea Grande. O novo plano detalha metas físicas, prazos e etapas para a execução da ETE e das redes e ramais de esgoto da Sub-bacia 2, com previsão de operação parcial ainda este ano.
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A prefeita Flávia Moretti reforçou que a atual administração tem trabalhado com responsabilidade e planejamento. “Saneamento é saúde, dignidade e qualidade de vida. Estamos reestruturando esse projeto com seriedade, para garantir que o sonho do esgoto tratado em Várzea Grande se torne realidade.”
“Esse novo plano de ação é um marco do nosso compromisso com o avanço da infraestrutura de saneamento. Reorganizamos o cronograma, priorizamos etapas e apresentamos ao Ministério um planejamento técnico viável, que garante a retomada efetiva das obras e resultados concretos para população”, destacou o secretário Celso Pereira.
O convênio firmado, em 2013, previa duas etapas de obras, que juntas somariam R$ 83 milhões em investimentos. Até o momento, cerca de R$ 2 milhões foram desembolsados por meio do convênio, mas a Prefeitura já aportou valores – em recursos próprios – significativamente superiores, “evidenciando o comprometimento da atual gestão com o avanço da obra, mesmo diante da lentidão nos repasses federais”, afirmou Pereira.
O senador Wellington Fagundes (PL) – que participou da concepção do projeto na época da formalização do convênio, há 12 anos – também acompanhou a agenda e reafirmou seu compromisso com a conclusão da obra. Agora atua para garantir apoio à conclusão da fase inicial e à reprogramação do convênio, possibilitando que o Município assegure a totalidade dos recursos necessários para ampliar a cobertura da rede de saneamento.
Seu dinheiro vale menos? Várzea Grande arrecada mais com imposto ‘invisível’ e o custo de vida só aumenta; entenda
Apesar do aumento de 20% na arrecadação de ISS, a gestão da prefeita Flávia Moretti em Várzea Grande enfrenta um colapso em serviços essenciais. A matéria detalha a crise na saúde, com denúncias do CRM-MT, a falha no abastecimento de água e a precariedade do transporte, questionando a eficiência administrativa e o destino dos recursos públicos.
A fachada do Pronto-Socorro de Várzea Grande contrasta com a celebração do aumento de arrecadação, simbolizando a distância entre a receita fiscal e a qualidade dos serviços essenciais. Foto: Rogério Florentino.
Em meio a uma saúde em colapso e promessas não cumpridas no abastecimento de água, a prefeitura celebra arrecadação recorde; análise revela o abismo entre o discurso fiscal e a dura realidade dos serviços públicos.
A conta do corte de cabelo, a mensalidade da academia, o conserto do carro. Para o morador de Várzea Grande, a percepção de que o dinheiro compra cada vez menos não é uma ilusão. É o efeito concreto de um imposto “invisível” que, enquanto encarece os serviços, financia uma máquina pública cuja eficiência é, no mínimo, questionável. Em um paradoxo chocante, a mesma administração que celebra um salto de quase 20% na arrecadação do Imposto Sobre Serviços (ISS) é a que comanda um sistema de saúde a beira do colapso e que ainda não resolveu a principal promessa de campanha: levar água para a torneira de todos.
O anúncio “triunfante” veio em junho de 2025: a receita do ISS saltou de R$ 9,65 milhões para R$ 11,57 milhões, um feito que o secretário de Gestão Fazendária, Marcos José da Silva, creditou à “credibilidade da gestão”. Mas que credibilidade é essa quando a realidade dos serviços essenciais conta uma história tão diferente?
A miragem dos números e o caos administrativo
Ao assumir em janeiro de 2025, a prefeita Flávia Moretti encontrou o que descreveu como uma administração “completamente analógica”, mergulhada em processos de papel e com uma instabilidade refletida nas cinco trocas de secretários no primeiro escalão em apenas cinco meses. Em meio a esse cenário, um avanço notável foi, ironicamente, na transparência: o índice da Controladoria saltou de 69,9% para 93,3%. Na prática, nunca se teve tantos dados para comprovar o quão profundos são os problemas da cidade.
Enquanto a arrecadação sobe, a gestão ainda luta para se modernizar, enfrentando a resistência de uma cultura burocrática e sistemas obsoletos. A questão que se impõe é inevitável: com mais dinheiro em caixa, vindo tanto do aumento de impostos quanto dos R$ 359,1 milhões em transferências federais (de janeiro a novembro de 2024), por que a qualidade de vida do várzea-grandense não melhora na mesma proporção?
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Saúde em colapso: o retrato fiel da crise
O setor mais crítico, e que desmente qualquer narrativa de eficiência, é a Saúde. Vistorias do Conselho Regional de Medicina (CRM-MT) no Pronto-Socorro Municipal pintaram um cenário desolador: superlotação crônica, com 30 pacientes espremidos em um espaço para 20, ausência de medicamentos essenciais e uma flagrante falta de médicos. A situação chegou a um ponto extremo com a interrupção dos serviços da maternidade Rede Cegonha, forçando grávidas em trabalho de parto a buscar socorro na capital.
Na Enfermaria Pediátrica, a imagem do descaso se materializou em colchões danificados por goteiras, que inutilizaram seis dos dez leitos disponíveis. Para piorar, denúncias de vereadores sobre supostos desvios de insumos e medicamentos na Secretaria de Saúde já foram encaminhadas ao Ministério Público, adicionando a suspeita de irregularidades à já comprovada ineficiência.
A promessa que secou
Principal bandeira da campanha de Moretti, o abastecimento de água continua sendo um teste diário de paciência para a população. Em abril, moradores do bairro Cohab Cristo Rei chegaram a ficar mais de um mês sem água, dependendo da chuva para realizar tarefas básicas. O DAE-VG aponta para atos de vandalismo recorrentes como parte do problema, mas a verdade é que a solução estrutural parece distante. A contratação da Fipe para um diagnóstico que pode levar à concessão do serviço é um plano de longo prazo, que adia uma solução efetiva para além do mandato atual, deixando os moradores com as torneiras secas.
Luzes e sombras nos outros setores
Nem tudo, contudo, é terra arrasada. Na Educação, a gestão expôs uma falha grave herdada: duas mil crianças com deficiência estavam fora do sistema, causando uma perda de R$ 4 milhões do Fundeb. A atual administração agiu para corrigir o problema, além de reativar oito creches e criar mais de 700 novas vagas. No transporte, porém, o cenário é sombrio: a cidade opera com uma deficiência de 40% na frota de ônibus, com apenas 120 veículos para uma demanda que exigiria no mínimo 200. O resultado é a superlotação e viagens intermináveis que se arrastam por dezenas de bairros.
O verdadeiro teste de credibilidade de uma gestão não está em uma planilha de arrecadação, mas na qualidade da saúde, na água que chega às casas e no transporte que serve ao cidadão. Apesar de Várzea Grande ocupar uma modesta 8ª posição estadual no Índice de Progresso Social, os dados mostram que há um abismo entre o potencial financeiro do município e os benefícios entregues à população.
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O aumento de 20% no ISS, sentido no bolso de cada cidadão que paga por um serviço, deveria ser o motor de uma transformação visível. Em vez disso, ele parece servir como uma maquiagem fiscal para problemas crônicos e estruturais. A população de Várzea Grande merece mais do que números positivos em relatórios; merece uma gestão que transforme, de fato, recursos em dignidade. A conta, para o cidadão, ainda não fecha.
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