Futuro das transações em xeque
Governo Lula avalia "CPMF digital" para pix e outras transações
Governo Lula estuda a criação de uma nova taxa sobre transações digitais (Pix, TED, DOC), similar à antiga CPMF, gerando debate e resistência.
Publicado em
2 de junho de 2025
Proposta de nova taxa sobre movimentações financeiras digitais enfrenta resistência antes mesmo de ser formalizada, ecoando debates do passado.
A sombra de um imposto nos moldes da antiga CPMF volta a pairar sobre as transações digitais no Brasil. Nos corredores do governo Lula, a discussão sobre uma nova taxa para operações via Pix, TED, DOC e carteiras digitais ganha corpo, ainda que nos bastidores, e já acende o alerta entre cidadãos e no cenário político.
O que está em jogo?
A ideia, ainda em fase de estudo interno no Ministério da Fazenda, seria aplicar uma alíquota enxuta, algo entre 0,10% e 0,20%, sobre cada movimentação financeira feita por meios eletrônicos. O objetivo declarado é nobre: ampliar a arrecadação para o cofre público, permitindo compensar isenções fiscais e desonerações concedidas a outros setores da economia. Além disso, o governo acena com a promessa de simplificação e modernização tributária, tentando encontrar um caminho para equilibrar as contas em 2025 sem recorrer ao aumento de impostos mais diretos, como o Imposto de Renda, uma manobra que busca fôlego fiscal para o próximo ano.
Voz das ruas e do congresso
Mal a notícia começou a circular nos bastidores e a reação foi, digamos, pouco amistosa. Nas redes sociais, a hashtag #VoltaDaCPMFNão rapidamente ganhou tração, acompanhada de termos como “imposto do Pix”, escancarando a preocupação popular. As críticas centram fogo no potencial efeito cascata e regressivo da medida. Afinal, quem mais sentiria o peso? Provavelmente, os usuários de baixa renda e os microempreendedores, que dependem de múltiplas transações de pequeno valor no dia a dia, vendo os custos se acumularem feito uma bola de neve.
No Congresso Nacional, a proposta nem sequer desembarcou oficialmente, mas o burburinho já indica uma travessia difícil. Parlamentares, inclusive da base aliada, torcem o nariz para a ideia, cientes do desgaste político que uma “nova CPMF” poderia gerar, especialmente com o calendário eleitoral no horizonte. A simples menção de um tributo dessa natureza costuma eriçar os ânimos em Brasília.
Para entender melhor: O que foi a CPMF?
A Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) vigorou no Brasil entre 1997 e 2007. Era um imposto que incidia sobre praticamente todas as movimentações bancárias, como saques, pagamentos e transferências. Embora com alíquota considerada baixa na época, sua arrecadação era expressiva devido à ampla base de incidência. A extinção da CPMF foi resultado de forte pressão popular e política.
O xadrez no planalto
Por enquanto, a “CPMF digital” segue como um balão de ensaio, restrita às planilhas e debates internos da equipe econômica. O governo, estrategicamente, evita cravar o nome “CPMF”, mas admite a busca por alternativas para vitaminar a arrecadação, de olho nos desafios fiscais que 2025 já anuncia. Este cenário remete a janeiro deste ano, 2025, quando o Palácio do Planalto precisou agir rápido para revogar uma medida da Receita Federal que ampliava o pente-fino sobre transações via Pix. Naquela ocasião, em meio a uma onda de desinformação sobre uma suposta taxação do Pix, o governo fez questão de reforçar a gratuidade do sistema, publicando até uma Medida Provisória para selar o compromisso com a gratuidade e o sigilo das operações, um movimento para acalmar os ânimos e desmentir boatos.
Portanto, enquanto a discussão sobre uma possível nova taxa para transações digitais segue intramuros no governo, é fato que, até o momento – início de junho de 2025 –, nenhuma cobrança sobre Pix, TED, DOC ou carteiras digitais está em vigor. O futuro dessa ideia é uma incógnita, dependendo da temperatura política e da reação da sociedade nas próximas semanas, mas o debate sobre a “CPMF digital” já está lançado, e com ele, a lembrança de um imposto que marcou uma era.
Situação oficial e contexto
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Não há, até o momento, confirmação de envio de projeto de lei ao Congresso ou anúncio formal da implementação da taxa. Trata-se de uma proposta em discussão interna, sem decisão final.
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O plano de governo de Lula, divulgado em 2022, não previa a criação de nova CPMF ou taxação do Pix. No entanto, a pressão fiscal e a busca por novas fontes de receita reacenderam o debate neste ano.
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Em janeiro de 2025, a Receita Federal ampliou o monitoramento de transações financeiras, mas sem criação de taxas. A medida foi mal recebida e revogada após repercussão negativa, alimentando rumores e fake news sobre uma suposta CPMF digital, o que não se concretizou naquele momento
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DESTAQUE
Justiça sob suspeita: CNJ deflagra inspeção-geral no TJMT a partir da semana que vem (24)
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realiza uma inspeção no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) de 24 a 27 de junho de 2025. A medida é uma resposta direta a graves escândalos de corrupção, incluindo a Operação Sisamnes, que apura um esquema de venda de sentenças e o suposto elo de magistrados com o grupo de extermínio “Comando C4”.
Published
59 minutos agoon
19 de junho de 2025
Fiscalização ocorre em meio a investigações sobre venda de sentenças e o elo de magistrados com um suposto grupo de extermínio
Uma força-tarefa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), liderada pessoalmente pelo Corregedor Nacional, Ministro Mauro Campbell Marques, desembarca em Cuiabá na próxima semana para uma ampla e minuciosa inspeção no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). A fiscalização, agendada para ocorrer entre os dias 24 e 27 de junho, não é mera rotina; ela acontece sob o peso de uma atmosfera carregada, marcada por escândalos que expuseram uma crise de credibilidade sem precedentes na instituição.
Oficialmente, o procedimento é classificado como ordinário. No entanto, o contexto é tudo. A inspeção vasculhará setores administrativos e judiciais justamente quando o tribunal se vê no epicentro de investigações que conectam seus membros a esquemas de venda de decisões e a uma organização criminosa.
A ponta do iceberg
O estopim da crise mais recente foi o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em 5 de dezembro de 2023. O que parecia ser apenas um crime brutal revelou-se a ponta de um iceberg de corrupção. Investigações no celular da vítima descortinaram um suposto esquema de venda de sentenças que abalou as estruturas do Judiciário mato-grossense.
As apurações levaram à Operação Sisamnes, que, em agosto de 2024, culminou no afastamento cautelar dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho. Segundo a Corregedoria, ambos são suspeitos de manter “amizade íntima” com Zampieri e receber vantagens financeiras, incluindo duas barras de ouro, para julgar recursos conforme os interesses do advogado. A troca de 768 mensagens entre Sebastião de Moraes e Zampieri, onde o advogado parecia ditar os rumos de processos judiciais, evidenciou uma relação descrita pelos investigadores como de “subserviência”. A investigação também constatou que a esposa e um filho do desembargador, oficialmente lotados em outros gabinetes, na verdade trabalhavam no gabinete de Sebastião.
A primeira fase da operação, em novembro de 2024, resultou na prisão do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, apontado como peça central no esquema. A segunda fase, em dezembro, focou na lavagem de dinheiro, revelando o uso de operações imobiliárias suspeitas e resultando no bloqueio de R$ 1,8 milhão. Em maio de 2025, as apurações se estenderam ao juiz Ivan Lúcio Amarante, também afastado.
Do tribunal ao crime organizado
A trama ganhou contornos ainda mais sombrios com a descoberta do “Comando C4: Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos”. A investigação revelou que este grupo, composto por militares, funcionava como uma agência de extermínio por encomenda e teria sido o responsável pela execução de Roberto Zampieri. Com uma tabela de preços que chegava a R$ 250 mil para espionar ministros do STF, o grupo utilizava drones e táticas avançadas. Cinco suspeitos foram presos, incluindo o coronel da reserva Luiz Caçadini, apontado como o financiador do crime.
Fantasmas do passado
Para quem acompanha o TJMT, a sensação é de déjà vu. Entre 2003 e 2005, um esquema desviou mais de R$ 1,4 milhão para uma loja maçônica presidida pelo então chefe do Judiciário estadual, José Ferreira Leite. A fraude foi confirmada por uma auditoria da consultoria Velloso & Bertoni Ltda., que apontou “pagamentos de correção monetária abusivos e exagerados”.
O caso resultou na aposentadoria compulsória de dez magistrados em 2010, que passaram a custar mais de R$ 3,4 milhões anuais em valores brutos aos cofres públicos. Contudo, em uma reviravolta que causa perplexidade, decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2022 reverteram as punições, permitindo o retorno dos magistrados. Vários deles, então, processaram o estado, resultando em pagamentos milionários — apenas três juízes, por exemplo, conseguiram receber R$ 16,9 milhões em diferenças salariais.
O peso financeiro da suspeita
Enquanto as investigações avançam, os cofres públicos continuam a arcar com os custos da suspeição. Os desembargadores afastados, amparados pela presunção de inocência, seguem recebendo salários integrais. Entre agosto de 2024 e janeiro de 2025, João Ferreira Filho recebeu R$ 482.610,29 líquidos. No mesmo período, Sebastião de Moraes Filho recebeu R$ 462.329,41. Paralelamente, o Superior Tribunal de Justiça passou a anular decisões proferidas por eles, determinando novos julgamentos para preservar a segurança jurídica.
Devassa minuciosa
É neste cenário complexo que a equipe de Mauro Campbell Marques atuará. Composta por cerca de 40 pessoas, a força-tarefa terá acesso irrestrito a gabinetes, sistemas e documentos. A inspeção abrangerá a cúpula do TJMT, incluindo os gabinetes da presidência, vice-presidência e corregedoria-geral, além de unidades em Cuiabá, Várzea Grande, Santo Antônio do Leverger e Poconé.
Os trabalhos forenses não serão suspensos, mas a presença constante dos auditores do CNJ é um lembrete inequívoco de que o Tribunal de Justiça de Mato Grosso está, mais uma vez, sob um intenso e necessário escrutínio.
Para entender melhor:
- Operação Sisamnes: O nome faz alusão a um juiz persa da antiguidade que, segundo a lenda, foi esfolado vivo por ordem do rei por ter aceitado suborno e proferido uma sentença injusta. Sua pele foi usada para forrar a cadeira em que seu filho, o novo juiz, se sentaria, como um lembrete perpétuo sobre a integridade.
Linha do tempo dos escândalos do TJMT
Data | Evento | Descrição |
---|---|---|
2003-2005 | Escândalo da Maçonaria | Desvio de R$ 1,4 milhão para loja maçônica durante presidência de José Ferreira Leite |
2010 | Afastamento dos Magistrados | CNJ determina aposentadoria compulsória de 10 magistrados por beneficiar maçonaria |
5 de dezembro de 2023 | Assassinato de Roberto Zampieri | Advogado morto com 10 tiros em Cuiabá, revelando esquema de venda de sentenças |
Agosto de 2024 | Afastamento dos Desembargadores | CNJ afasta Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho por venda de sentenças |
Outubro de 2024 | Afastamento do Juiz | CNJ afasta juiz Ivan Lúcio Amarante da comarca de Vila Rica |
26 de novembro de 2024 | 1ª Fase da Operação Sisamnes | PF prende lobista Andreson de Oliveira Gonçalves |
20 de dezembro de 2024 | 2ª Fase da Operação Sisamnes | Investigação de lavagem de dinheiro, bloqueio de R$ 1,8 milhão |
18 de março de 2025 | 3ª Fase da Operação Sisamnes | Foco em vazamento de informações do STJ |
25 de março de 2025 | Abertura de PAD | CNJ instaura processo disciplinar contra Sebastião de Moraes Filho |
13 de maio de 2025 | 5ª Fase da Operação Sisamnes | Bloqueio de R$ 20 milhões em investigação de lavagem de dinheiro |
14 de maio de 2025 | 6ª Fase da Operação Sisamnes | Duas prisões preventivas por obstrução da justiça |
27 de maio de 2025 | PAD contra Juiz | CNJ instaura processo contra Ivan Lúcio Amarante |
28 de maio de 2025 | 7ª Fase da Operação Sisamnes | Descoberta do “Comando C4”, prisão de 5 suspeitos do assassinato de Zampieri |
29 de maio de 2025 | 8ª Fase da Operação Sisamnes | Afastamento de magistrado, bloqueio de R$ 30 milhões |
30 de maio de 2025 | 9ª Fase da Operação Sisamnes | Investigação de vazamento de informações sigilosas |
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