A Prefeitura de Cuiabá, sob a gestão de Abilio Brunini (PL), vive um momento de intensas movimentações políticas com a nomeação de aliados do vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos) para cargos estratégicos. Essas mudanças, que incluem uma reforma administrativa e articulações para captação de recursos, ocorrem em meio a tensões internas no grupo político que sustenta o governo estadual e municipal. A aproximação entre Pivetta e o governador Mauro Mendes tem gerado divisões, especialmente com o senador Jayme Campos e seu irmão, o deputado Júlio Campos, impactando até o apoio a Brunini. Vamos entender os detalhes desse cenário.

Nomeações e reforma administrativa

Recentemente, Amauri Monge Fernandes, aliado de Pivetta, foi nomeado secretário municipal de Educação, substituindo Evanilda Solange Dias. Amauri, que já atuava como secretário-adjunto, assume um cargo-chave em um movimento interpretado como uma aproximação entre o grupo do vice-governador e a administração de Brunini. A prefeitura também passou por uma reforma administrativa, criando as secretarias de Segurança Pública e Cultura sem aumentar despesas, segundo a gestão, por meio de remanejamento interno.

Essas mudanças sugerem uma reorganização da máquina pública, mas também abrem espaço para nomes alinhados a Pivetta, fortalecendo sua influência em Cuiabá. O vice-governador, porém, nega qualquer interferência direta na gestão municipal. “As indicações não representam interferência em decisões administrativas do município”, afirmou Pivetta, tentando afastar especulações sobre interesses eleitorais.

Críticas da oposição

As nomeações despertaram reações dos partidos de oposição, que enxergam nas movimentações uma tentativa de Pivetta ampliar sua influência na prefeitura, comprometendo a autonomia administrativa. Para os opositores, a presença de aliados do vice-governador em cargos estratégicos pode priorizar interesses partidários, prejudicando a transparência e a eficiência na gestão pública. “A nomeação de aliados pode levar a uma gestão menos transparente e eficiente”, alertam, prometendo fiscalizar possíveis práticas de clientelismo.

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Embora não haja registros detalhados de manifestações formais, a oposição mantém a postura crítica, monitorando ações que possam indicar favorecimento político em detrimento das necessidades da população.

Impacto na coalizão e divisão interna

As nomeações também mexem com a coalizão que sustenta Brunini. Ao trazer aliados de Pivetta para a gestão, a prefeitura fortalece a coesão entre parceiros políticos, facilitando articulações no presidencialismo de coalizão brasileiro, onde alianças são cruciais para apoio legislativo e execução de políticas. No entanto, a maior influência de um grupo específico pode gerar tensões, caso outros aliados se sintam excluídos, exigindo mais negociações para manter a harmonia.

Esse cenário é agravado por uma racha no grupo político que envolve o governador Mauro Mendes, Pivetta, e figuras do União Brasil, como Jayme Campos e Júlio Campos. O apoio declarado de Mendes a Pivetta para as eleições de 2026 gerou insatisfação no senador Jayme, que, junto ao irmão Júlio, defende um candidato do União Brasil, possivelmente o próprio Jayme. Essa divisão tem respingado na relação com Brunini, cujo apoio também enfrenta questionamentos em meio ao conflito interno.

O deputado estadual Eduardo Botelho alertou para os riscos dessa fragmentação. “A falta de unidade pode levar a uma derrota eleitoral, como vimos em 2024”, lembrou, citando o racha na disputa pela Prefeitura de Cuiabá, quando ele e Fábio Garcia, chefe da Casa Civil, dividiram apoios, beneficiando Brunini. Botelho reconheceu a força de Jayme e Pivetta, mas pediu cautela para evitar um rompimento definitivo no grupo.

Críticas de Júlio Campos ao apoio de Mendes

A situação ganhou contornos mais graves com as declarações do deputado Júlio Campos, que criticou duramente o apoio de Mendes a Pivetta. “É totalmente irregular e contraditório”, disparou Júlio, argumentando que a escolha fere o processo interno do União Brasil, que ainda não definiu seu candidato para 2026. Ele deu um ultimato ao governador: “Mendes terá que escolher entre apoiar o candidato do União Brasil ou deixar o partido para apoiar Pivetta.”

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Júlio também revelou que o diretório regional do partido planeja convocar uma reunião para discutir a permanência de Mendes na sigla, especialmente em meio à fusão do União Brasil com o PP, que pode levar à saída de membros insatisfeitos. A postura firme do deputado evidencia o clima de tensão que ameaça a unidade do grupo político.

Políticas públicas em foco

Na administração municipal, a presença de aliados de Pivetta pode direcionar as prioridades, especialmente em áreas como a Educação. Programas como o atendimento a crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), já destacados pela gestão, podem receber mais atenção e recursos. Contudo, nomeações baseadas em alianças políticas, sem priorizar a qualificação técnica, correm o risco de comprometer a continuidade e a eficiência dos projetos, um desafio que a prefeitura precisará enfrentar.

Captação de recursos federais

As nomeações também podem impulsionar a captação de recursos federais. Com aliados de Pivetta em cargos-chave, Cuiabá ganha força para negociar emendas parlamentares com deputados e senadores, beneficiando, em tese, setores como saúde, educação e infraestrutura. Em 2024, a capital recebeu cerca de R$ 2,9 bilhões em transferências e programas federais, e essa articulação política pode ampliar esses valores. A elaboração ágil de projetos e a transparência na aplicação dos recursos serão essenciais para manter o apoio da bancada federal.

Um cenário de desafios e oportunidades

As movimentações na Prefeitura de Cuiabá revelam um complexo jogo político. A nomeação de aliados de Pivetta fortalece laços com o governo estadual e pode trazer benefícios, como maior alinhamento em projetos e acesso a recursos. Porém, a racha entre Brunini, Jayme Campos e o grupo de Mendes e Pivetta adiciona incertezas, com críticas da oposição e tensões internas no União Brasil ameaçando a estabilidade.

O desafio de Brunini será equilibrar interesses políticos com uma gestão técnica que atenda às demandas da população. Enquanto articulações para 2026 ganham força, Cuiabá vive um momento decisivo, onde decisões de hoje podem moldar não apenas o presente, mas o futuro político e administrativo da capital.

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