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Guedes deve trocar comando do Ipea e quer órgão mais integrado à agenda econômica

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Guedes deve trocar comando do Ipea e quer órgão mais integrado à agenda econômica

(FOLHAPRESS) – O Ministério da Economia deve promover uma mudança no comando do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com o objetivo de obter maior integração entre a atuação do órgão e a agenda econômica do governo Jair Bolsonaro (PL).


Segundo fontes do governo ouvidas pela reportagem, o novo presidente deve ser o atual subsecretário de Política Fiscal do Ministério da Economia, Erik Figueiredo.

O instituto é chefiado hoje por Carlos von Doellinger, indicado pelo ministro Paulo Guedes (Economia), de quem é próximo. Ele assumiu o posto ainda no início do governo, em janeiro de 2019.

A expectativa é que a nomeação do novo presidente do Ipea ocorra ainda no mês de março.

O Ipea dá suporte ao governo na formulação de políticas públicas por meio de estudos e pesquisas em diversas áreas, como macroeconomia, políticas sociais, infraestrutura e políticas regionais.

Dentro da equipe econômica, há a avaliação de que o órgão pode ser mais atuante em agendas relevantes para o governo, com estudos sobre medidas fiscais e competitividade.

Além disso, há certo incômodo entre integrantes da pasta com o fato de Doellinger despachar frequentemente no prédio do instituto no Rio de Janeiro. O comentário nos bastidores é que o comando do Ipea precisa estar na nova sede do órgão em Brasília.

Com a mudança, a equipe econômica espera obter uma maior integração do Ipea com a Secretaria Especial de Estudos Econômicos, a S3E, divisão que Guedes pretende criar e deixar sob o comando de Adolfo Sachsida.

Sachsida hoje é chefe da Assessoria de Assuntos Estratégicos da Economia, mas atuou por três anos como secretário de Política Econômica da pasta -onde tinha Figueiredo como um de seus subsecretários.

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Desde 2020 o ministro Paulo Guedes (Economia) tem a intenção de migrar o Ipea para uma espécie de laboratório de ideias (think tank) dentro do ministério.

Uma tentativa de maior aproveitamento dos estudos do órgão foi feita na discussão da reforma administrativa, enviada ao Congresso Nacional como aposta do governo para racionalizar os gastos com pessoal.

Na ocasião, o Ipea elaborou os cálculos da economia potencial com a aprovação da proposta. A reforma, porém, não avançou diante das resistências de parlamentares e de críticas de que seu conteúdo poderia resultar na fragilização do serviço público.

Atualmente, a SPE tem sido uma das principais divulgadoras de estudos econômicos dentro do governo.

Recentemente, o órgão reagiu a críticas dirigidas à condução da política fiscal do governo e disparou uma nota técnica afirmando que a aprovação de reformas contribuiu para melhorar o cenário em grau maior que o projetado no fim de 2018 pela equipe econômica do ex-presidente Michel Temer (MDB).

A secretaria também divulgou estudo prevendo ampliação de investimentos privados a partir das concessões realizadas pela atual administração.

Em dezembro de 2021, quando se tornou pública a intenção de Guedes de criar a S3E, a Afipea, associação que representa os funcionários do instituto, divulgou nota com críticas à proposta. Na visão da entidade, a mudança poderia representar um “rebaixamento institucional” do Ipea.

A associação também alertou para um potencial desejo de “reduzir, enquadrar e controlar as agendas temáticas e o escopo de atuação dessas organizações à dimensão apenas econômica e, diríamos, até mesmo economicista, do desenvolvimento nacional”.

“Em outras palavras, para este governo, desenvolvimento e crescimento econômico são -ou deveriam ser- sinônimos, de modo que as dimensões sociais, culturais, ambientais, regionais, políticas, institucionais, internacionais etc. do desenvolvimento nacional tenderiam a ser ou minimizadas ou simplesmente apagadas dos planos de trabalho do Ipea”, diz a nota.

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O presidente da Afipea, José Celso Cardoso Junior, afirmou que o novo presidente escolhido pela Economia é desconhecido pelos pesquisadores.

Figueiredo tem graduação e mestrado em Economia pela UFPB (Universidade Federal da Paraíba) e doutorado pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Fez pós-doutorado na Universidade do Tennessee, nos Estados Unidos. Foi professor universitário e desde 2020 está na SPE.

De saída do cargo, Doellinger deve ser convidado a permanecer no instituto como assessor especial do novo presidente. Ele é servidor de carreira aposentado do órgão e possui graduação e mestrado em Economia, além de especializações em Desenvolvimento Econômico pela Universidade de Göttingen (Alemanha) e em Engenharia de Produção e Fabricação pela PUC-Rio.

A reportagem não conseguiu contato com o atual presidente do Ipea para comentar a mudança.

Em março de 2021, Doellinger se envolveu em uma polêmica ao emitir comunicado interno alertando pesquisadores do órgão para o risco de punição em caso de divulgação de estudos sem autorização.

Na época, servidores do órgão afirmaram ter estranhado o tom da mensagem, relataram episódios de coerção a pesquisadores críticos ao governo e disseram temer que orientações de viés político do Palácio do Planalto pudessem comprometer as divulgações.

O ofício assinado por Doellinger era direcionado a diretores e técnicos e afirmava que os estudos e pesquisas são direito patrimonial do órgão, a quem cabe definir o momento e a forma de divulgação. A Afipea ingressou com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a derrubada das restrições.

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Consumo do brasileiro cresceu 2,89% em outubro, aponta Abras

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O consumo nos lares brasileiros, medido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), registrou alta de 2,89% em outubro, na comparação com o mês anterior. Na comparação com outubro do ano passado, a alta é de 0,61%. No acumulado do ano, a alta é de 2,64%. O resultado contempla os formatos de loja atacarejo, supermercado convencional, loja de vizinhança, hipermercado, minimercado e e-commerce. Todos os indicadores são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o vice-presidente da Abras, Marcio Milan, a alta pode ser atribuída à inauguração de novas lojas e promoções. “As atividades promocionais tradicionalmente se intensificam no segundo semestre, combinados com renda mais estável e a menor variação nos preços da cesta de abastecimento dos lares”, analisou Milan. De janeiro a novembro, entraram em operação 573 lojas, das quais 306 são novas e 267 reinauguradas. Os principais formatos de lojas são os supermercados (185) e os atacarejos (121).

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Segundo a Abras, apesar da alta registrada no mês, as quedas nos preços foram expressivas de janeiro a outubro (-6,43%) e nos últimos 12 meses (-5,08%), influenciadas principalmente pelos preços do óleo de soja (-30,94%), do feijão (-23,12%), dos cortes bovinos do dianteiro (-12,61%) e do traseiro (-12,44%), do frango congelado (-9,55%), do leite longa vida (-6,10%). Os preços dessa cesta caíram de R$ 754,98 em janeiro para R$ 705,93 em outubro, variação de -6,43% equivalente a cerca de R$ 50.

De acordo com os dados da Abras, o valor da cesta de 35 produtos de largo consumo (alimentos, bebidas, carnes, produtos de limpeza, itens de higiene e beleza) teve alta de 0,10% em outubro na comparação com setembro.

Segundo o levantamento, as principais altas do mês foram batata (11,23%), cebola (8,46%), arroz (2,99%), carne bovina – corte traseiro (1,94%), açúcar refinado (1,88%), tomate (0,97%), extrato de tomate (0,83%), pernil (0,57%).

A maior retração em outubro foi registrada na cesta de lácteos com leite longa vida (-5,48%), queijos muçarela e prato (-1,14%), leite em pó (-0,87%), margarina cremosa (-0,60%).

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Na cesta de produtos básicos, as principais quedas vieram do feijão (-4,67%), do óleo de soja (-1,77%), do café torrado e moído (-1,23%), da farinha de mandioca (-0,65%), da farinha de trigo (-0,56%).

Entre as proteínas que mantiveram a tendência de queda nos preços estão ovos (-2,85%), carne bovina – corte do dianteiro (-0,30%). As altas foram registradas na carne bovina – corte do traseiro (1,94%), pernil (0,57%), frango congelado (0,54%).

Na cesta de higiene e beleza, as principais quedas foram registradas no sabonete (-0,78%), xampu (-0,08%) e as altas no papel higiênico (+0,99%) e no creme dental (+0,22%). Em limpeza, houve recuo em sabão em pó (-1,03%), detergente líquido para louças (-0,42%), água sanitária (-0,04%).

* Matéria alterada no dia 1º de dezembro, às 9h55, para alteração do percentual no título.   

Fonte: EBC Economia

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