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Lula alerta sobre clima de já ganhou e defende aliança com ex-adversários do PT

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Lula alerta sobre clima de já ganhou e defende aliança com ex-adversários do PT

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (10) que é preciso dialogar e fazer alianças com figuras políticas para além do campo da esquerda -inclusive com quem votou a favor pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).


“Teremos que ter muita habilidade de construir as nossas alianças, de conviver com pessoas. Por exemplo, tem gente que diz :’Pô, Lula, mas você conversou com o cara que votou no impeachment’. Se eu não for conversar com alguém que votou no impeachment, eu vou deixar de conversar com pelo menos 400 deputados. Como a gente faz? Como a gente constrói?”, disse Lula.

“Quero construir o leque de pessoas que ajudam a governar esse país para a gente mudar. Quando a gente ganhar, vamos ter que ter maioria no Congresso Nacional, maioria no Senado. Se não, como construir? Temos que construir no processo eleitoral”, continuou o petista.

Líder nas pesquisas eleitorais, o ex-presidente voltou a defender que ele deseja ser candidato de um amplo movimento, e não só de um único partido.

“A tarefa de reconstruir o país não é só do partido ou do presidente. É de uma sociedade. É junto com o povo que você aprende o que não sabe.”

Lula disse que o processo eleitoral “não será fácil” e rejeitou o clima de “já ganhou”. “A luta não será fácil. Não existe essa do ‘já ganhou’. Eleição a gente só sabe o resultado depois da apuração.”
O ex-presidente se reuniu com líderes femininas na manhã desta quinta (10), em São Paulo.

A ex-presidente Dilma não participou porque foi acompanhar a posse do novo presidente chileno, Gabriel Boric. No evento, Lula voltou a defender a petista.

“Dilma foi uma experiência bem-sucedida que depois destruíram. Não podemos desanimar, porque tem mais mulheres vindo aí”, disse Lula.

Ele comentou sobre como ficou impressionado com a quantidade de mulheres que ocupam assentos no Congresso mexicano, na visita que fez ao país na semana passada, e indicou a possibilidade de uma possível reforma política que garanta a paridade de gênero.

“Por que o México pode e nós não podemos? Precisamos começar a pensar como a paridade vai chegar ao Brasil. Você vai depender da campanha individualizada de cada um? Ou a gente vai tentar propor uma reforma política que na lista já garante a paridade?”, disse.

Lula também criticou as declarações sexistas do deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei, sobre mulheres ucranianas.

“Tem um monte de cafajeste que pensa daquele mesmo jeito. Precisamos extirpar essa gente da política. Essa gente que precisamos reeducar, porque essa gente não teve educação.”

O petista afirmou ainda que quer voltar às ruas. “Estou cansado de ficar prisioneiro dentro de casa. É preciso andar pelo país e conversar com todas as pessoas.”

​Intitulado “Mulheres com Lula para Reconstruir o Brasil’, o evento foi organizado pela secretária nacional de mulheres do PT, Anne Moura, pela presidente da legenda, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), e a ex-ministra Eleonora Menicucci.

À reportagem Gleisi afirmou que o encontro serve para que Lula reafirme o compromisso que tem com a luta das mulheres. “Para reafirmar pontos programáticos, pensar na recuperação das políticas públicas que tínhamos estabelecido em nossos governos e lamentar a desconstrução delas pelo governo Bolsonaro.”

Gleisi também comentou o lançamento de um programa do governo federal de crédito voltado ao empreendedorismo entre mulheres, nesta semana, e afirmou que há interesses eleitoreiros por trás.

“Se ele tivesse intenção de fazer políticas para as mulheres, por que não fez no primeiro ano de mandato?”, continuou.

Em cerimônia de homenagem ao Dia da Mulher no Palácio do Planalto, na terça (8), em que anunciou uma série de medidas, Bolsonaro afirmou que a mulher está “praticamente integrada” à sociedade.

As medidas ocorrem em meio à tentativa do chefe do Executivo de diminuir a sua rejeição junto às mulheres, no ano em que buscará se reeleger.

Participaram do evento desta quinta mulheres de mais de 30 entidades, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), e representantes de partidos como PT, PSOL e PC do B.

Entre elas, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), as deputadas federais Jandira Feghali (PC do B-RJ), Taliría Petrone (PSOL-RJ), Natália Bonavides (PT-RN) e Alice Portugal (PC do B-BA), e as vereadoras Juliana Cardoso (PT-SP) e Monica Benicio (PSOL-RJ).

Em seu discurso, Jandira também defendeu a formação de alianças.

“Precisamos acolher todos aqueles que querem derrotar o fascismo e Bolsonaro. Precisamos ter a compreensão política que o núcleo hegemônico deve ser de esquerda, mas é preciso uma aliança ampla para além de nós para eleger Lula”, disse.

Nesta quarta (9), foi anunciada a decisão de criar uma federação partidária entre PT, PC do B e PV. O PSB ficou de fora.

Esta não é a primeira vez neste ano que Lula se reúne com mulheres. Em fevereiro, ele participou de encontro do qual estiveram presentes nomes como a ex-prefeita Marta Suplicy, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, a chef Bela Gil e a advogada Gabriela Araujo.

Segundo publicações nas redes, o encontro teria durado cerca de quatro horas e ocorrido por iniciativa da socióloga e noiva de Lula, Rosângela da Silva, a Janja.

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Saiba como vai funcionar a GLO nos portos e aeroportos do RJ e de SP

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A partir da próxima segunda-feira (6), 3,7 mil militares da Aeronáutica, do Exército e da Marinha passarão a atuar em ações de combate ao crime em três portos e dois aeroportos dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, bem como no Lago de Itaipu. O objetivo é prevenir e reprimir o tráfico de drogas e de armas e outros tipos de crimes.

A instituição da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e atuação das Forças Armadas nos portos e aeroportos foram autorizadas por meio do Decreto nº 11.765, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelos ministros José Múcio Monteiro (Defesa) e Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública).

Nas últimas semanas, foi registrada uma escalada de violência. No Rio de Janeiro, por exemplo, criminosos queimaram 35 ônibus e até uma cabine de trem, provocando o caos em sete bairros da zona oeste da capital fluminense, depois de um líder miliciano ter sido morto em uma operação da Polícia Civil.

Como será a GLO?

A atuação de militares em ações preventivas e repressivas ocorrerá nos portos de Santos (SP), do Rio de Janeiro (RJ) e de Itaguaí (RJ); bem como nos aeroportos de Guarulhos (SP) e Tom Jobim (RJ).

O decreto estabelece que Exército e Aeronáutica devem incrementar as operações que já realizam ao longo das fronteiras brasileiras. A Marinha deve fortalecer as ações preventivas e repressivas nas baías de Guanabara e de Sepetiba, ambas no Rio de Janeiro; nos acessos marítimos ao Porto de Santos e na porção brasileira do Lago de Itaipu.

Os militares não farão policiamento de ruas e bairros.

Por quanto tempo?

O emprego das Forças Armadas nas operações de segurança em portos e aeroportos ocorrerá de 6 de novembro a 3 de maio de 2024.

Como fica o trabalho dos órgãos de segurança dos estados?

Segundo o governo federal, esta será a primeira vez que uma missão de GLO contempla áreas específicas de controle federal, e não interfere na atuação dos estados ou do Distrito Federal. De acordo com o Ministério da Defesa, trata-se de uma operação “específica” para os três portos e os dois aeroportos. Toda a missão será realizada de forma articulada com órgãos de segurança pública, como a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

“As competências estaduais estão totalmente preservadas”, assegurou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, durante a cerimônia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto que autoriza a GLO e anunciou outras medidas para a segurança pública, nesta quarta-feira (1º).

“O que já estamos fazendo é ter presença em áreas federais. Não vamos suprimir a área de competência das polícias do estado ou do município”, concluiu Dino, explicando que, mesmo portos e aeroportos já sendo policiados por órgãos federais, a medida possibilitará uma maior integração entre militares e agentes da segurança.

O que é uma GLO?

Previstas na Constituição Federal, as GLOs conferem às Forças Armadas a autonomia necessária para que atuem com poder de polícia, por tempo predeterminado, em área previamente definida.

A Carta Magna estabeleceu, em seu artigo 142, que Aeronáutica, Exército e Marinha devem zelar pela manutenção da lei e da ordem, em qualquer parte do território brasileiro, quando acionadas “por qualquer um dos poderes constitucionais (Executivo, Legislativo e Judiciário).

Contudo, em agosto de 2001, o então presidente da República Fernando Henrique Cardoso regulamentou o mecanismo das GLOs, fixando suas diretrizes por meio do Decreto nº 3.897.

A partir daí, a decisão sobre o emprego de militares neste tipo de ação passou a ser de competência exclusiva dos presidentes da República em exercício – que pode decidir por iniciativa própria ou em resposta a pedido de governadores ou dos presidentes do Senado, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal (STF).

O mesmo decreto presidencial de 2001 também estabelece que as missões só devem ser autorizadas “em graves situações de perturbação da ordem” e se as forças de segurança públicas estaduais e federais tiverem “esgotado” os instrumentos e meios disponíveis para “preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio”.

Quantas GLOs já tivemos no país?

Um levantamento do Ministério da Defesa mostra que, entre 1992 e 2022, foram autorizadas 145 missões de Garantia da Lei e da Ordem no país.

– 11 ocorreram em 2000, ano em que foi registrado o maior número de operações;

–  26 GLOs (17,9%) foram motivadas por greves de policiais militares;

– 39 missões (27%) reforçaram a segurança durante grandes eventos no país: Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro; Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável do Rio de Janeiro (Rio + 20), em 2012; na visita do Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude, em 2013; e na Copa do Mundo de Futebol, em 2014;

– GLOs são frequentemente autorizadas para assegurar a tranquilidade e a lisura de processos eleitorais em município sob risco de perturbação da ordem.

EBC

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