Cuiabá sob risco de chuvas intensas e rajadas de vento de até 60 km/h nesta sexta-feira.

O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) emitiu alerta amarelo de chuvas intensas para Cuiabá e região metropolitana, válido desde a madrugada desta sexta-feira, 17 de outubro de 2025. O aviso, que classifica a situação como de “perigo potencial”, prevê precipitações de até 30 milímetros por hora, acompanhadas de rajadas de vento que podem atingir 60 quilômetros por hora — velocidade suficiente para derrubar galhos e causar interrupções no fornecimento de energia elétrica.

A população cuiabana, que enfrentou recordes de calor na primeira quinzena do mês, agora se vê diante de um cenário meteorológico oposto: instabilidades atmosféricas provocadas pelo avanço de sistemas de baixa pressão e de uma frente fria vinda da região Sul do país. O contraste é emblemático da volatilidade climática que tem caracterizado o período de transição entre a estação seca e chuvosa no Centro-Oeste brasileiro.

Quando começou e até quando vai

O alerta amarelo entrou em vigor às 3h da madrugada de quinta-feira, 16 de outubro, e tinha previsão inicial de encerramento às 3h desta sexta-feira. No entanto, as condições de instabilidade meteorológica permanecem ao longo de todo o dia 17, com possibilidade de chuvas em áreas específicas da capital mato-grossense. A previsão indica temperaturas oscilando entre mínima de 26°C e máxima de 37°C, com umidade relativa do ar variando drasticamente: de 40% nos períodos mais quentes a 100% durante as precipitações.

Os ventos previstos são predominantemente fracos, soprando de norte para nordeste, mas podem intensificar-se repentinamente durante as células de tempestade, alcançando as rajadas de 60 km/h mencionadas no alerta oficial. Essa combinação de fatores meteorológicos exige atenção redobrada, especialmente em áreas urbanas vulneráveis a alagamentos e próximas a redes elétricas aéreas.

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O que significa o nível amarelo

O sistema de avisos meteorológicos do INMET utiliza uma escala cromática de três níveis para classificar a severidade de fenômenos atmosféricos potencialmente perigosos. O amarelo, primeiro degrau dessa escala, indica “perigo potencial” — eventos intensos, porém mais localizados, com menor probabilidade de danos generalizados se comparados aos níveis laranja (perigo) e vermelho (grande perigo).

Na prática, o alerta amarelo sinaliza que as condições meteorológicas merecem atenção, mas não necessariamente caracterizam uma situação de emergência ampla. Ainda assim, os riscos são concretos: alagamentos pontuais em vias urbanas, descargas elétricas atmosféricas, queda de galhos de árvores e interrupções temporárias no fornecimento de energia elétrica em circuitos afetados por quedas de vegetação ou sobrecarga da rede.

A questão que se coloca é se a população e os órgãos de defesa civil municipais estão adequadamente preparados para responder a essas ocorrências, mesmo que classificadas como de menor gravidade. Cuiabá, como outras capitais brasileiras, enfrenta desafios crônicos de infraestrutura urbana que amplificam os impactos de eventos meteorológicos adversos, mesmo aqueles de intensidade moderada.

Comparação das condições meteorológicas diárias em Cuiabá: vento, chuva e temperatura máxima entre 17 e 19 de outubro.

Abrangência territorial do aviso

O alerta não se restringe à capital. Além de Cuiabá, municípios do Centro-Sul mato-grossense também estão sob o mesmo aviso meteorológico, incluindo Várzea Grande — que forma conurbação com a capital —, Chapada dos Guimarães, Livramento e Poconé. Essa distribuição geográfica sugere que o sistema meteorológico responsável pelas instabilidades tem alcance regional significativo.

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No contexto mais amplo do Centro-Oeste, a previsão para esta sexta-feira indica instabilidades generalizadas, com avanço de pancadas de chuva no Mato Grosso do Sul e sul do Mato Grosso. As capitais regionais, incluindo Cuiabá, devem permanecer sob muita nebulosidade com possibilidade de precipitações ao longo do dia, segundo boletins meteorológicos baseados em dados do INMET.

Por que as chuvas chegam agora

A mudança brusca no padrão meteorológico tem explicação sinótica clara: o retorno de temporais está associado ao deslocamento de sistemas de baixa pressão atmosférica e ao avanço de uma frente fria originária da região Sul do Brasil em direção ao Centro-Oeste. Esse movimento, previsto em informativos do INMET divulgados entre 12 e 17 de outubro, eleva o potencial para formação de tempestades e acumulados significativos de precipitação.

Gráfico comparativo de rajadas de vento (km/h) e quantidade de chuva (mm) previstas para Cuiabá entre 17 e 19 de outubro de 2025.

O fenômeno representa a transição típica entre o período de seca, que se estende de maio a setembro na região, e o início da estação chuvosa, que se consolida entre outubro e abril. Contudo, essa transição tem se tornado cada vez mais marcada por eventos extremos e variabilidade climática pronunciada, padrão que cientistas climáticos associam às mudanças nos padrões atmosféricos globais.

Vale lembrar que, no início deste mês, Cuiabá bateu recorde de calor, registrando 41,8°C no dia 6 de outubro, seguido de queda brusca de temperatura para 25°C em menos de 24 horas — oscilação de mais de 16 graus que ilustra a instabilidade característica deste período do ano.

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Riscos concretos e como se proteger

Os impactos previstos pelo alerta amarelo não devem ser subestimados. Precipitações de até 30 milímetros por hora, embora não configurem volumes excepcionais em termos absolutos, podem causar alagamentos rápidos em áreas urbanas com sistemas de drenagem deficientes ou obstruídos — realidade comum em bairros periféricos de Cuiabá.

As descargas elétricas atmosféricas representam risco direto à vida humana, especialmente para pessoas que se encontrem em áreas abertas ou próximas a estruturas metálicas durante as tempestades. As recomendações de proteção são claras: evitar abrigo sob árvores durante rajadas de vento, não estacionar próximo a torres, placas ou estruturas metálicas, e reduzir o uso de aparelhos eletrônicos conectados à tomada durante as precipitações.

A queda de galhos, potencializada por rajadas de até 60 km/h, constitui ameaça tanto para pedestres quanto para veículos e edificações. Árvores urbanas, muitas vezes com manutenção inadequada ou comprometidas por podas irregulares, tornam-se especialmente vulneráveis sob essas condições.

Para situações de emergência relacionadas às tempestades, os canais oficiais são a Defesa Civil (telefone 199) e o Corpo de Bombeiros (193). A eficiência da resposta desses órgãos, contudo, depende de estrutura adequada, treinamento e recursos — aspectos que merecem escrutínio público permanente.

Questões que permanecem em aberto

Apesar da precisão técnica dos avisos meteorológicos, algumas questões críticas permanecem sem resposta clara. A primeira diz respeito à efetividade da comunicação desses alertas à população: quantos cuiabanos efetivamente tomaram conhecimento do aviso amarelo do INMET? Os canais de divulgação utilizados pelos órgãos municipais são suficientes e acessíveis?

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Outra interrogação relevante refere-se à capacidade de resposta da infraestrutura urbana. Os sistemas de drenagem de Cuiabá estão preparados para absorver precipitações intensas, mesmo que pontuais? Existem planos de contingência atualizados e testados para lidar com as ocorrências previstas no alerta?

Por fim, há a questão da recorrência e intensificação de eventos extremos. Se os padrões meteorológicos continuarem apresentando oscilações cada vez mais pronunciadas — recordes de calor seguidos de tempestades intensas —, quais adaptações estruturais e de planejamento urbano serão necessárias para minimizar riscos e danos à população?

Monitoramento ao longo do dia

Embora o período formal do alerta amarelo tenha se encerrado às 3h desta sexta-feira, as condições de instabilidade atmosférica persistem ao longo do dia 17 de outubro. O INMET mantém atualização constante de seus avisos meteorológicos e previsões através do portal oficial, nas seções “Avisos Meteorológicos” e “Previsão para sua cidade”, ferramentas que permitem acompanhamento intradiário das condições atmosféricas.

Recomenda-se que a população mantenha atenção aos canais oficiais de informação meteorológica e aos comunicados da Defesa Civil municipal ao longo desta sexta-feira, especialmente durante os períodos de maior instabilidade previstos para a tarde e início da noite, quando a combinação de aquecimento diurno e umidade disponível tende a favorecer o desenvolvimento de células convectivas — as responsáveis pelas tempestades mais intensas.

📚 BOX: Entenda os termos técnicos

Alerta amarelo: Primeiro nível de aviso meteorológico do INMET, indicando perigo potencial de eventos intensos, porém localizados.

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Células convectivas: Sistemas atmosféricos de pequena escala formados pelo aquecimento e ascensão rápida de ar úmido, responsáveis por tempestades com raios e chuva intensa.

Frente fria: Limite entre uma massa de ar frio e outra de ar quente, geralmente associado a mudanças bruscas de tempo, chuvas e queda de temperatura.

Precipitação: Termo técnico para qualquer forma de água que cai da atmosfera, incluindo chuva, granizo e neve.

Rajadas de vento: Aumentos súbitos e temporários na velocidade do vento, com duração inferior a 20 segundos.

Sistema de baixa pressão: Área atmosférica onde a pressão é menor que a das regiões circundantes, favorecendo movimento ascendente de ar e formação de nuvens e chuva.

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Sinótica: Relativo à visão ampla e simultânea das condições atmosféricas sobre uma grande área geográfica.

Umidade relativa do ar: Percentual de vapor d’água presente na atmosfera em relação ao máximo que o ar pode conter naquela temperatura.