TECNOLOGIA
Lei de TICs: o que é e como tem transformado o setor de TI no Brasil?

A Lei de TICs, anteriormente conhecida como Lei de Informática (Lei nº 8.248/1991), é uma das principais políticas públicas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Desde que foi reformulada, em 2019, a lei teve efeitos diretos na economia e na inclusão digital no País. Ela contribuiu para a redução do mercado informal e o aumento do acesso da população a equipamentos como computadores e impressoras ao incentivar a produção nacional.
Para a ministra do MCTI, Luciana Santos, a matéria “é, sem dúvida, um caso de sucesso, pois traz benefícios concretos para o desenvolvimento regional. É um instrumento estratégico para fomentar a inovação no Brasil, fortalecer a integração entre a indústria e a academia, além de formar recursos humanos capacitados em tecnologias digitais.”
Os resultados da implementação da lei evidenciam o impacto na produção de riqueza e na inclusão digital, avalia o coordenador-geral de Inovação Digital do MCTI, Rubens Caetano. Além disso, a política gerou milhares de empregos qualificados, com cerca de 30% dos trabalhadores com nível superior. A inovação desenvolvida permitiu a criação de produtos e soluções que competem globalmente, o que fortalece a indústria nacional e reduz a dependência de tecnologia importada.
Desde 2020, houve um crescimento gradual nos investimentos, que ultrapassaram R$ 3,3 bilhões em 3 anos. O resultado é um setor mais competitivo, com empresas inovando constantemente, profissionais capacitados e cidadãos com maior acesso à tecnologia — fatos que consolidam cada vez mais o Brasil como protagonista na transformação digital.
Parcerias entre empresas e institutos de pesquisa
A Lei de TICs aproxima empresas de Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) e universidades. As companhias podem aplicar parte de seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) em projetos conjuntos, criando laboratórios e centros de inovação.
Rubens Caetano ressalta que os investimentos em ICTs e universidades já superam R$ 1,5 bilhão, ultrapassando os aportes internos das próprias empresas. Entre os exemplos, estão projetos de alto valor agregado voltados a pesquisas em fases iniciais de desenvolvimento, como o Hub de Inteligência Artificial e Arquiteturas Cognitivas (Hiaac), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com o Instituto Eldorado. Há ainda os centros de competência que atuam em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) em áreas estratégicas como 5G/6G, Open RAN, segurança cibernética e robótica para agricultura digital.
Essas parcerias promovem resultados em duas frentes:
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As empresas têm acesso a tecnologias avançadas, mitigando riscos e aumentando a competitividade
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As ICTs e universidades podem executar pesquisas mais qualificadas e voltadas a demandas reais do mercado, formando profissionais capacitados para atuar no setor tecnológico
Essa aproximação fortalece a indústria nacional e acelera a geração de soluções inovadoras, criando um ciclo de desenvolvimento sustentável para o setor.
Mudança na legislação
Em 2019, a Lei de Informática foi reformulada por meio da Lei nº 13.969, substituindo a antiga redução do IPI por um modelo de crédito financeiro. Ou seja, os valores investidos em pesquisa, desenvolvimento e inovação passaram a ser usados para compensar tributos federais administrados pela Receita Federal.A alteração ampliou o escopo de produtos incentivados, permitindo que desenvolvedores de software e prestadores de serviços técnicos especializados também pudessem ser beneficiados.
O valor do benefício é calculado com base nos investimentos, sendo limitado conforme o faturamento proveniente dos produtos habilitados pela empresa incentivada.
Essa mudança também alinhou a legislação brasileira às regras internacionais de comércio, após questionamentos feitos por países como União Europeia, Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Como os incentivos funcionam
O modelo de incentivos da Lei de TICs combina diferentes mecanismos:
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Crédito financeiro: investimentos em P&D geram créditos que podem ser usados para abater tributos federais
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Processo Produtivo Básico (PPB): estabelece etapas mínimas de fabricação no Brasil. Empresas devem cumprir essas etapas ou compensar com investimentos adicionais em P&D
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Programas e Projetos Prioritários (PPPs): projetos estratégicos definidos pelo MCTI em áreas como inteligência artificial, semicondutores, nuvem e cibersegurança
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Bens e Componentes Desenvolvidos no Brasil: produtos concebidos e executados no País podem receber incentivos extras, como acesso a linhas especiais de financiamento e prioridade em compras públicas
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Fundo Setorial de Tecnologia da Informação: financia pesquisa aplicada, formação de profissionais e apoio a universidades e institutos de pesquisa, com gestão da Finep e do CNPq
Rubens Caetano complementa que os PPPs fomentam ações estruturantes em áreas estratégicas como inteligência artificial, semicondutores, segurança cibernética, tecnologias quânticas e blockchain. Esses projetos podem ser aplicados em setores como saúde, cidades inteligentes e educação, ampliando os impactos da política. Para usufruir dos incentivos, as empresas precisam cumprir o PPB, garantindo que parte relevante da cadeia produtiva esteja concentrada no Brasil e fortalecendo a indústria local.
O cumprimento desses mecanismos garante que o investimento em tecnologia não fique restrito às grandes empresas e promova desenvolvimento em toda a cadeia produtiva.

TECNOLOGIA
Ministra Luciana Santos apresenta ações para meninas e mulheres em painel da 5ª CNPM

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, participou, na segunda-feira (29), do painel Políticas Públicas e Ações para as Mulheres do Brasil, na 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (5ª CNPM). O evento tratou dos avanços e desafios na formulação de políticas públicas para a igualdade de gênero.
Luciana Santos destacou os dados que revelam desigualdades estruturais no País e reforçou a necessidade de ações afirmativas. “As mulheres continuam recebendo, em média, 20% a menos que os homens, e 76,6% das trabalhadoras domésticas — uma das ocupações mais femininas do País — estão na informalidade, sem direitos ou proteção social”, afirmou.
A ministra ressaltou a responsabilidade do MCTI na construção de oportunidades para meninas e mulheres. “Uma das nossas políticas mais bem-sucedidas, com mais de 10 anos de consolidação, é o Programa Futuras Cientistas, que atendeu a mais de 400 alunas e professoras da rede pública em 2024, com impacto concreto: 70% ingressam no ensino superior e 80% escolhem cursos de ciência e tecnologia”, explicou.
Entre as iniciativas do ministério, Luciana citou o investimento de R$ 100 milhões até 2026 no edital Meninas nas Exatas, Engenharias e Computação, que vai apoiar 120 projetos e mais de 6 mil bolsistas, sendo 40% das bolsas destinadas a meninas negras e indígenas.
Ela também destacou programas como Mulheres Inovadoras, que concede prêmios de até R$ 100 mil para startups femininas, e a presença de mulheres em editais estratégicos como Centelha, Conecta Startup Brasil e CI Inovador, que asseguram percentuais exclusivos de participação.
Na abertura do painel, a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, falou do caráter participativo da conferência. “Nenhuma decisão dessa foi feita sem passar pela comissão organizadora, sempre com a sociedade civil”, destacou. Ela ressaltou que mais de 1.270 conferências municipais, regionais e estaduais precederam a etapa nacional, consolidando um processo de mobilização em todo o País.
O debate reuniu, ainda, as ministras dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara; da Igualdade Racial, Anielle Franco; da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck; e dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo.
Abertura da 5ª CNPM
Na abertura da 5ª CNPM, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância da participação feminina na democracia brasileira. “Esta conferência é também um grito contra o silêncio. Um grito pela liberdade das mulheres falarem o que quiserem, quando quiserem e onde quiserem. Não há democracia plena sem a voz das mulheres. De todas as mulheres: pretas, brancas, indígenas, do campo e da cidade”, afirmou.
Realizada em Brasília de 29 de setembro a 1º de outubro, a conferência é organizada pelo Ministério das Mulheres e pelo Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. O encontro reúne mais de 3 mil participantes sob o lema Mais Democracia, Mais Igualdade, Mais Conquistas para Todas e marca a retomada da principal instância de participação social para formulação de políticas de gênero, após quase 10 anos.
A programação inclui debates sobre combate à violência, igualdade salarial, políticas de cuidado, apoio ao empreendedorismo, saúde, educação e participação política, além de atividades culturais e exposições que valorizam a diversidade das mulheres brasileiras. Também estavam presentes representantes de movimentos sociais como a Marcha das Mulheres Negras, a Marcha das Margaridas, a Marcha das Mulheres Indígenas, a Marcha da Visibilidade Trans e a Caminhada Lesbi SP.
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