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Feito histórico

'Cinco tipos de medo' consagra Mato Grosso e vence o Festival de Gramado

O filme ‘Cinco Tipos de Medo’, do diretor Bruno Bini, foi o grande vencedor do 53º Festival de Cinema de Gramado em 2025, conquistando quatro prêmios Kikito, incluindo Melhor Filme. A vitória é um marco histórico para o cinema de Mato Grosso.

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O diretor Bruno Bini e a equipe de 'Cinco Tipos de Medo' celebram a vitória histórica com os quatro troféus Kikito no 53º Festival de Cinema de Gramado.
O diretor Bruno Bini e a equipe de 'Cinco Tipos de Medo' celebram a vitória histórica com os quatro troféus Kikito no 53º Festival de Cinema de Gramado.

Longa de Bruno Bini leva quatro Kikitos, incluindo Melhor Filme, e marca a primeira vitória do estado na principal mostra competitiva do país.

 

A noite de sábado, 23 de agosto, redesenhou um pedaço do mapa do cinema nacional. Pela primeira vez na história, uma produção de Mato Grosso subiu ao palco do Palácio dos Festivais para receber o Kikito de Melhor Filme. “Cinco Tipos de Medo”, dirigido pelo cuiabano Bruno Bini, não apenas participou, mas dominou a 53ª edição do Festival de Cinema de Gramado, saindo como o grande campeão e levando para casa um total de quatro troféus.

A consagração representa um marco para uma cinematografia que há anos luta por espaço e reconhecimento. O filme, um suspense dramático com raízes fincadas na realidade da periferia de Cuiabá, foi aplaudido de pé em sua estreia mundial na quinta-feira (21) e confirmou seu favoritismo na cerimônia de encerramento. A vitória soa como um recado: há um Brasil que filma, e muito bem, para além dos centros tradicionais de produção.

 

Um Kikito com sotaque cuiabano

 

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Além do prêmio principal, a produção mato-grossense foi laureada em outras três categorias cruciais. O próprio Bruno Bini, de 46 anos, levou os Kikitos de Melhor Roteiro e Melhor Montagem, um reconhecimento por sua tripla função na obra. O rapper e agora ator Xamã, em sua estreia nas telonas, conquistou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante por sua interpretação do traficante Sapinho.

Visivelmente emocionado, Bini dedicou a vitória ao estado. “É uma conquista coletiva de todo mundo que trabalha com audiovisual e luta pelo cinema em Mato Grosso”, afirmou. O diretor ainda prometeu um esforço para que o longa-metragem seja exibido em todas as salas de cinema de seu estado natal. Xamã, ao receber seu troféu, foi igualmente tocante, dedicando-o à sua mãe e confessando que “sempre foi um sonho muito distante trabalhar com cinema”.

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A força do elenco, aliás, foi um dos pontos altos desde a primeira exibição. Bella Campos, também cuiabana e estreante no cinema, emocionou a plateia ao falar sobre sua personagem, Marlene. “Para mim é uma honra, como uma menina, mulher, preta, cuiabana, que se identifica 100% com a personagem”, declarou.

 

A realidade por trás da ficção

 

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O que torna “Cinco Tipos de Medo” tão potente é sua conexão direta com um evento real e complexo. A trama se inspira em um fato ocorrido em 2007 no bairro Jardim Novo Colorado, em Cuiabá. Na época, moradores da comunidade se uniram para pagar a fiança de um traficante local, apelidado de “Sapinho”, com medo de que sua ausência abrisse uma brecha para a chegada de facções rivais, mergulhando a região em uma violência ainda maior.

O roteiro de Bini explora essa situação a partir de cinco perspectivas que se entrelaçam. Acompanhamos Murilo (João Vitor Silva), um músico em luto; Marlene (Bella Campos), uma enfermeira presa em um relacionamento abusivo com Sapinho (Xamã); Luciana (Bárbara Colen), uma policial movida por vingança; e Ivan (Rui Ricardo Diaz), um advogado de intenções dúbias. Bini optou por uma montagem não-linear, um verdadeiro quebra-cabeça narrativo que desafia e envolve o espectador.


Para entender melhor:

  • Kikito: Nome dado ao troféu do Festival de Gramado, uma estatueta dourada que representa o “deus do bom-humor”. É o prêmio máximo do cinema brasileiro.
  • Mostra Competitiva: Principal seção de um festival de cinema, onde os filmes concorrem aos prêmios oficiais julgados por um júri especializado.
  • Mídia Espontânea: Publicidade gratuita que um evento ou produto gera em veículos de comunicação, como reportagens em jornais, TV e sites, sem que haja pagamento por isso.

 

Uma produção de fôlego

 

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As filmagens começaram em setembro de 2023, passando por locações em Cuiabá, Várzea Grande e Santo Antônio do Leverger. O que se vê na tela é fruto de um esforço monumental, uma coprodução entre a Plano B Filmes (MT) e a Druzina Content (RS), com distribuição da Downtown Filmes.

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A produção envolveu, na prática, um verdadeiro mutirão de talentos, com mais de 180 profissionais vindos de nove estados diferentes. Um detalhe ressaltado pela equipe é a busca pelo realismo cru. “Foi tudo real, tudo gravado em presídio, gravado no hospital”, afirmou a produtora Luciana Druzina, destacando que a produção dispensou o uso de inteligência artificial para a construção de cenários.

 

Gramado e o cinema fora do eixo

 

A vitória de um filme de Mato Grosso não é um ponto fora da curva, mas a consolidação de um movimento. Nos últimos anos, o Festival de Gramado tem se mostrado mais atento à diversidade da produção nacional, premiando obras como “Noites Alienígenas”, do Acre, e “Oeste Outra Vez”, de Goiás. A consagração de “Cinco Tipos de Medo” reforça essa tendência e abre portas para que outras cinematografias regionais ganhem protagonismo.

O impacto do festival transcende a premiação. Em seus 11 dias, a edição de 2025 exibiu 74 filmes para mais de 40 mil pessoas, enquanto a cidade de Gramado recebeu cerca de 400 mil visitantes. O evento é uma engrenagem econômica e cultural poderosa, que injeta visibilidade e recursos na região.

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Com estreia comercial prevista para 2026, “Cinco Tipos de Medo” carrega agora a responsabilidade e o prestígio do Kikito. É a prova de que boas histórias, quando bem contadas, não conhecem fronteiras geográficas.

 

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Homem que perseguiu e ameaçou companheira é preso dentro da delegacia da mulher em Cuiabá

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Agressor foi até a unidade policial atrás da vítima, que relatava um histórico de oito anos de violência e pedia por proteção.

Agressor foi até a unidade policial atrás da vítima, que relatava um histórico de oito anos de violência e pedia por proteção.

 

O lugar que deveria ser o refúgio para o fim de um ciclo de violência tornou-se, por um instante, a cena final da perseguição. Um homem foi preso em flagrante pela Polícia Civil, na última terça-feira (9), dentro da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Cuiabá, no exato momento em que sua companheira pedia socorro contra ele. A mulher, de 48 anos, buscava medidas protetivas de urgência, tentando encerrar um pesadelo que, segundo ela, já durava oito anos.

A prisão foi o desfecho de uma história marcada por agressões físicas e psicológicas extremas. O relacionamento, iniciado em 2017, colecionava episódios de brutalidade que desafiam a compreensão, mergulhando a vítima em um cotidiano de terror onde a violência parecia não conhecer limites.

 

Oito anos de terror

 

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O histórico de agressões descrito pela mulher é devastador. Em seu depoimento, ela detalhou atos de crueldade chocantes, que iam muito além de agressões comuns. Ela contou que o companheiro chegou a queimar seu rosto com uma panela quente e, em outro momento, usou álcool em suas partes íntimas como forma de punição, uma tática de tortura física e humilhação.

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A violência escalou a ponto de quase tirar sua vida de forma ainda mais direta. Em um dos casos de agressão mais graves, o suspeito a jogou de uma ponte, numa queda que, por sorte, ela conseguiu sobreviver. A sucessão de horrores mostra um padrão de comportamento sádico e um desprezo absoluto pela vida da companheira, que viveu sob constante ameaça durante quase uma década.

 

A ameaça final

 

No dia em que decidiu procurar a delegacia, a mulher estava sendo ameaçada de morte mais uma vez, mas com um agravante que a fez temer pelo pior. O homem afirmou que não agiria sozinho desta vez; ele disse que recorreria a um grupo criminoso para executar o crime. A promessa de uma morte encomendada foi o estopim que a levou a buscar a proteção do Estado de forma definitiva.

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Enquanto a vítima ainda estava na delegacia, formalizando o pedido de ajuda e registrando a ocorrência, o agressor apareceu no local. Sua chegada inesperada, talvez em uma última tentativa de intimidação, acabou se tornando sua ruína. Os policiais que ouviam o relato da mulher agiram imediatamente e realizaram a prisão em flagrante.

O suspeito foi detido e, posteriormente, encaminhado para uma audiência de custódia, onde sua situação foi avaliada pelo Judiciário. Agora, ele permanece à disposição da Justiça para responder pela longa lista de crimes que, por tanto tempo, aterrorizaram a vida de sua companheira.

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Para entender melhor:

  • Medida Protetiva de Urgência: É uma ordem judicial com o objetivo de proteger uma pessoa que esteja em situação de violência doméstica ou familiar. Prevista na Lei Maria da Penha, ela pode incluir o afastamento do agressor do lar, a proibição de contato com a vítima e seus familiares, entre outras determinações. O descumprimento pode levar à prisão do agressor.
  • Prisão em Flagrante: Ocorre quando alguém é detido no momento em que está cometendo um crime, ou logo após. No caso relatado, a perseguição e a ameaça ainda estavam em curso, caracterizando o flagrante quando o agressor foi até a delegacia atrás da vítima.
  • Audiência de Custódia: É um procedimento rápido em que a pessoa presa em flagrante é levada à presença de um juiz. O objetivo é verificar a legalidade da prisão e decidir se o suspeito responderá ao processo em liberdade ou se permanecerá detido.

 

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